A FORÇA DO MEDO:
Por José Carlos Barroso
Não será o
episódio do menor infrator, ocorrido em pleno carnaval 2012 a conseqüência de atos
contínuos, decorrentes da passividade, da indiferença, da apatia clássica, da
inércia e, quem sabe da permissividade daqueles que somente falam e não fazem?
Por exemplo, será
que não é chegada a hora de agirmos contra esse crime continuado, ou seriado,
que sobrevive a décadas sendo divulgado e disseminado, num ato apologético
aviltante e permissivo ao uso do álcool, já que a sua distribuição é
indiscriminada e, para piorar tudo, sob os auspícios do poder público
municipal, quando disponibiliza grande frota de veículos além de seus
servidores para o apoio logístico.
Será que alguém
pensa que isso é refresco? E o preparo e acondicionamento dessa droga, que fica
em tonéis de plástico, será que sofre fiscalização da saúde pública? Certamente
que não, mas tudo é certo, afinal é carnaval e, os excessos são permitidos.
Aqui reservo um parentese para a citação de um grande filosofo são-joanense, e um grande e fraterno amigo. Dizia ele: TUDO EM EXCESSO É DEMAIS!
Não,
definitivamente isso não é refresco é uma “batida”, pois em seu preparo se
utiliza cachaça, limão e açúcar, e outras "coisas" mais, e a caipirinha vira batida, talvez porque
quando age de forma inebriante “bate” no sistema nervoso central, danificando,
proporcionando desequilíbrio, tirando o discernimento de quem dela se serve.
Será, que tem alguém
pensando nisso, que as segundas feiras de carnaval o povo fica refém desse lixo
podre, e que a fatalidade pode dar outro nome a essa libertinagem, a essa
bandalheira que tem nome, e um totem representativo, que desfila em ostentação
como um “BARRIL”, mas de pólvora?
Esse meus caros é
o habitat da estupidez, da bandalheira, do uso indiscriminado de álcool e
droga, é lugar propícios aos prazeres da carne, onde a exposição de sexo, a
promiscuidade é ato permissível. A cidade fica refém de uma devassidão fétida
de homens e mulheres que urinam na frente de outros e em qualquer lugar.
Mas meus prezados
vocês não acham que essa atitude tomada por um jovem infrator no carnaval não foi
um grito de alerta, já que foi tomado pelo medo, pelo coração ferido pelos
infortúnios e privações?
Será que alguém
pensou que essa pode ter sido a voz de um execrado, quando vê sua família ser
espezinhada, por um grupo de um bairro, conforme depoimentos diversos, tentando
se afirmar mostrando poder?
Por que então
somente agora é que irão ouvi–lo, só depois que dois estampidos, originários de
dois projeteis de arma de fogo o levaram ao banco dos réus?
Será que tem que primeiro acontecer o pior?
Não podemos
definitivamente olvidar o seu passado de jovem, de trabalhador, de bom filho,
não usuário de drogas de qualquer espécie, atestado pelos policiais ouvidos e,
por outros em depoimentos, como a própria vítima, o "alvo"?
Mas onde estão as
vitimas, as que foram baleadas, já que não apareceram e nem mesmo justificaram as suas ausências? Se
ouvidos poderiam esclarecer, por exemplo, que pilastra é essa que fica no
calçadão da Coronel José Dutra e, que foi mencionada pelo jovem desafeto, e
onde o mesmo se escondeu, já que foi tratado em audiência como alvo.
Os jovens, o
“comparsa” e o “alvo”, têm sobre si, uma ficha de delitos, que bem os recomenda
a faculdade do crime, e nem precisam de se preocuparem com o vestibular, já
venceram esta etapa.
Pois bem esses
estão soltos, premiados por suas condutas hostis, pelo caráter distorcido, pela
pratica diária do vicio. Lado outro o menor infrator se encontra aprisionado,
acautelado por ter experimentado a chave e a medida da indecisão, ou seja, o
medo.
Quando será, que
nossos ouvidos deixarão de serem moucos, ao grito de sofrimento, de um irmão
ferido e necessitado, que implora por uma chance no jogo bruto da vida?
Será que não
enxergamos que com isso, perdemos a grande oportunidade de ouvir o apelo do
necessitado e, de assim transformarmos o mundo num lugar melhor?
Ou será que
tememos também por medo, de que a liberdade o torne agressivo conosco, e com os
outros, ou será que tememos a critica voraz ao nosso comportamento de defesa, ou tememos sermos julgados como tolos, e até mesmo de utópicos?
Será mesmo que
teremos pela força do medo que excluir esse jovem infortunado, que via e ouvia
as injustiças com os seus familiares amigas e amigos. Temos visto de perto,
como o medo é um grande e terrível motivador das ações humanas.
O medo meu
prezado está na raiz de todas as formas de exclusão, assim como a confiança
está na raiz de todas as formas de inclusão.
O medo sempre
busca um objeto. Se eu me sinto inseguro, quase sempre vou encontrar algum bode
expiatório para o meu medo, alguém ou algo, que eu possa transformar no objeto
do meu medo e, portanto, da minha raiva.
Não quero
acreditar, que o medo seja uma força de motivação terrível e temível na nossa
vida, e que será na vida do menor infrator. Será que temos medo daqueles que,
por um infortúnio qualquer se tornaram diferentes? Temos medo do fracasso e da
rejeição?
Cada vez, que
ouço perguntas como estas, mais me conscientizo, não apenas dos meus próprios
medos, mas do medo dos outros. A história da humanidade é uma história de
guerra, opressão, escravidão e rejeição. Toda sociedade, em todos os tempos,
tem criado suas próprias formas de exclusão.
O medo faz com
que coloquemos muitos de nossos irmãos em instituições afastadas, sombrias,
fétidas. Ele impede-nos muitas vezes de utilizarmos o que temos no bolso, para
pagar uma refeição, ou de podermos compartilhá-la com os lázaros do mundo. É o
medo, ironicamente, que nos impede de sermos mais humanos e, sensíveis.
Então, que não
tenhamos medo de absolver o menor infrator réu mortificado como filho amado de
u,a mãe que dele necessita e, por isto têm chorado sua ausência, não obstante a toda a sua atestada bondade e inocência. Este é o nosso apelo
Estejam certos
que menor infrator, desde o seu primeiro dia no cárcere vem enfrentando o poder
do Grande Tribunal, mas certo é que conta com Jesus Cristo O Justo, como seu Advogado, e que
é também Promotor e Juiz na sua redenção.
Então não sejamos
os injustos no julgamento dos homens, como esse jovem infrator, um jovem trabalhador, um
filho amado, um jovem já excluído, que um dia se viu fraco pela conseqüência
dos ouvidos moucos e, que por isto perdeu o discernimento num ato de
infelicidade.
Que excluamos o
medo e afirmemos a ilicitude desse menor infrator, que por medo de se ver excluído da vida,
defendeu-se da morte.
Este é um
clássico caso de legitima defesa, pois usando de meios moderados, revidou
injusta agressão de um jovem, que exibido, expunha um copo e uma garrafa nas
mãos, certamente para se auto afirmar, como valente, mal sabendo ser um
covarde, que já ostenta um rico currículo de ilicitudes.
Deveras
este não é, e nem será um assassino, porque tem princípios e, nem mesmo possui
traços físicos dos lombrosianos.
Que
seja a pena do menor infrator, a mínima pena por todo o exposto.
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