Foto por sjonline.com.br Salete Garcia
*JSJN: Fale-nos um pouco sobre sua
trajetória de vida?
JCHB: Tenho orgulho de minha vida ter iniciado dentro de uma sala de
aula, no saudoso Instituto Barroso, pois uma de suas salas era o nosso quarto,
em outra, a sala de visitas, em outra, a copa e em outra era a cozinha.
Cursei o 1º grau na Escola Municipal Coronel José
Braz, e o 2º grau no Colégio Cristo Redentor, 3º grau na Faculdade de Ciências Contábeis
e Administrativas Machado Sobrinho e na Faculdade de Direito e Ciências Sociais
e Econômicas Viana Junior, o que me levou a possuir uma atuação
profissional na maior parte do tempo dedicada à educação, e a cultura,
exercendo as seguintes funções:
Ü
Professor de
Direito e Legislação na Escola Estadual Professor Gabriel Archanjo de Mendonça.
SJN.MG.1992.
Ü
Professor de
Educação Artística de 1º e 2º graus na Escola Estadual Professor Gabriel
Archanjo de Mendonça.SJN.MG.1990 a 1993.
Ü
Diretor
Administrativo dos Colégios Dona Prudência de 1º e 2º graus e Colégio Comercial
São João Nepomuceno. SJN.MG. 1988.
Ü
Contador da
empresa Barroso Irmãos Ltda. Mantenedora dos Colégios Dona Prudenciana e
Colégio Comercial São João Nepomuceno de 1º e 2º graus SJN.MG.1984 a 1988.
Ü
Professor de
Educação Artística dos Colégios Dona Prudenciana de 1º e 2º graus.SJN.MG.1974 a
1998.
Ü
Professor de
Cerâmica, Madeira e Cortiça de 1º grau do Colégio Dona Prudenciana. SJN.MG.1977
a 1982.
Ü
Professor de
Mecanografia do Colégio Comercial São João Nepomuceno.SJN.MG.1981 a 1988.
Ü
Professor de OSPB
do Colégio Comercial São João Nepomuceno.SJN.MG.1986 a 1988.
Ü
Professor de
Comercio e Serviço, Técnicas Comerciais, Atividades Comerciais, do Colégio Dona
Prudenciana de 1º e 2º graus.SJN.MG.1977 a 1978.
Ü
Professor de
OSPB,EMC na Escola Estadual Professor Gabriel Arcanjo de Mendonça.SJN.MG.1993.
Ü
Vereador ano de 1983 a 1989.e Presidente da
Câmara Municipal ano de
Ü Professor de Ciências e Programa de Saúde do Colégio
Dona Prudenciana de 1º e 2º graus.SJN.MG.1974.
Ü
Secretario
Municipal de Educação, Cultura,Turismo, Esportes e Lazer da Prefeitura
Municipal de São João Nepomuceno. MG. 1989 a 1992.
Ü
Secretario
Municipal de Educação, Cultura,Turismo, Esportes e Lazer da Prefeitura
Municipal de São João Nepomuceno. MG. 1992 a 1984.
Ü
Sócio proprietário
do Bar e Lanchonete Ferveção. BH.MG. 1996 a 1997.
Ü
Sócio proprietário
de Barroso Produtos Alimentícios Ltda (panificação) BH. MG 1994 a 1997.
Ü
Superintendente da
Fundação Cultural São João Nepomuceno 1999 a 2004
Ü
Divulgador de
Turismo do Portal do Atlântico Hotel e Resort - Semana de férias em regime de
tempo compartilhado 1998 a
1999 - Juiz de Fora MG.
Ü
Gerente de pós-venda,
empresa Portal de Búzios – Turismo, Semana de férias em regime de tempo
compartilhado 1998 a
1999 - Juiz de Fora MG.
Ü
Representante
comercial dos produtos odontológicos, Cosmedent, Dam Mate e Voco (cosmética
oral importada) Juiz de Fora MG. 1997
a 1999.
Ü
Advogado militante
nas áreas cível, trabalhista, criminal, com escritório à Rua Coronel José Dutra
nº. 590, sala 03, centro. SJN.MG.
Ü
Presidente da
Academia São-joanense de Letras Artes e Ciências – Presidente da Diretoria
Provisória em 2011 e eleito Presidente Efetivo em 2012.
*JSJN: Foi ainda jovem que começou a se
interessar pela história de nosso Município?
JCHB: Na verdade comecei a me
interessar ainda criança, quando atento observava as histórias da cidade que
meu pai, o Professor Ubi Barroso Silva, contava em nossa casa. A continuação,
as ações seqüenciais vieram normalmente até que como Secretario de Educação e
Cultura e depois como Superintendente da Fundação Cultural, cargos que ocupei a
convite do ex Prefeito Célio Ferraz, passei a me dedicar mais intensamente,
ocasião em que veio a surgir o Site da Fundação Cultural, o Jornal Especial
Histórico - O Sul da Mata. Edição
Especial. 2003, entre outros como A Verdade, Felicidade, e, assim, foram
nascendo passo a passo as diversas histórias
sobre São João Nepomuceno, que foram publicadas em todos os jornais de São João
Nepomuceno, aliás, não foram raras as poesias, crônicas e histórias publicadas
em Voz de São João desde 1975, também o Sul Da Mata e, O Levita, foram fontes
de divulgação dessa paixão, até que veio a oportunidade de participarmos de um livro
sobre a Arqueologia e Patrimônio da Zona da Mata Mineira: São João
Nepomuceno.2004 na historia – Fazendo Historia.
Após surgiu o programa
sobre cultura na Rádio Criativa FM. Depois foi a vez dos blogs: O primeiro com
nossas poesias: jocarlosbarroso.blogspot.com.br, em segundo lugar um
blog contando as historias de São João Nepomuceno, é o jannepomuck.blogspot.com.br
e por fim surgiu o jocarlosbarroso.acompartilhar.blogspot.com,
um blog com alguns artigos, algumas crônicas, histórias e estórias.
*JSJN:
Como Superintendente que foi da Fundação Cultural, que ações pôde realizar para
a difusão da historia de São João Nepomuceno?
JCHB:Sinceramente foram muitas,
muitas mesmo, mas citando algumas destaco a iniciação da própria Fundação
Cultural, a criação da ARTECA, as diversas publicações nos jornais, o Jornal Especial Histórico - O Sul da Mata. Edição Especial. 2003, a criação do Site da Fundação Cultural, a criação
da Semana da Arte, a continuidade da Semana da Cultura, a Revitalização do Cine
Brasil, a Reestruturação da Banda 16 de maio, a criação do Coral Laureto Alves
do Nascimento e Escola Municipal de Música, a criação do Museu Histórico com
grande acervo, sobre nosso passado, o trabalho no campo da Arqueologia, com o
descobrimento de Sítios Arqueológicos Pré – Históricos e Históricos num total
de sete, a grande homenagem a Heleno de Freitas do ano de 2000, os Festivais de
Gastronomia (mostrando a influência dos italianos e portugueses nos costumes principalmente)
*JSJN: O que poderia dizer aos nossos
leitores da mudança da data oficial da criação de nosso município para 1º de
abril e qual a participação do Prof. Cláudio Machado, nos estudos que comprovam
a data verdadeira:
JCHB:
No ano de 1810, a Capela de São João
Nepomuceno já existia como aplicação, sendo citada na carta de nomeação do
Guarda- Mor- Substituto José Antonio Furtado de Mendonça, o Guarda Mor Furtado.
Esta Capela pode ser considerada uma das mais antigas, fundada na parte sul da
Freguesia de São Manoel de Jesus Maria. Já em 1811, a capela de São João
Nepomuceno, era filial de São Manoel do Pomba.
O patrimônio da
Capela de São João Nepomuceno foi constituído pelo Guarda Mor José Antonio Furtado
de Mendonça e sua mulher Francisca Maria de São José, por escritura de doação,
em 27 de novembro de 1815 (cópia do original acervo da Fundação Cultural doação
e pesquisa da historiadora Maria do Carmo Sobreira e fotos de Eduardo Ayupe).
Segundo historiadores,
possivelmente, as terras doadas foram adquiridas por direito de posse uma vez o
seu doador José Antonio Furtado de Mendonça só recebeu sua sesmaria em 10 de
junho de 1819, situada no sertão do Rio Novo freguesia de São Manoel do Pomba, lugar conhecido como Ribeirão Bonsucesso, na
Fazenda Roça Grande, confrontando com as terras de Manoel Reis, posses de João
Reis e Ângelo Pereira e sesmaria de Teresa Maria de Jesus, passada em 05 de
março de 1818 e de nome Roça Grande ( Relata Celso Falabela em seu livro Os
Sertões do Leste , escreve em Voz de São João em artigo denominado “A Historia
de Minha Rua” o Dr. José de Castro Azevedo, magistrado e historiador membro do
Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora. Arquivo da Fundação Cultural)
Não sabemos ao
certo, portanto, o que levou a criação do povoado em homenagem a um santo
canonizado por seu apostolado na Boêmia nascido em Nepomuck perto de Praga e
sepultado em túmulo de prata na Catedral de Praga numa época em que as
homenagens se estendiam aos santos de origem espanhola, italiana, portuguesa ou
francesa. O que nos foi passado oralmente através dos tempos é que um dos
fundadores Domingos Henriques de Gusmão, cuja família era devota deste santo,
tenha encomendado uma imagem do santo diretamente da cidade de Praga para
inauguração da Igreja (Relíquia da Igreja Matriz).
Porém o Padre
Dr. José Vicente César em seu livro “Historia de Capela Nova” (acervo da
Fundação Cultural) nos relata que a imagem foi levada pelo Padre Jacó, da
Fazenda do Patrimônio, assim chamada por ser-lhe patrimônio de sacerdócio, para
cá. São João Nepomuceno era o santo de devoção da família Henriques. Já padre
Jacó, o padre Jacó Henriques Pereira, era o primogênito do casal José Henriques
e de Rosa Maria de São José, e fora nascido na Fazenda do Patrimônio. Também na
fazenda do Patrimônio nasceu Domingos Henriques Gusmão que era casado com Maria
Dias de Carvalho. Domingos Henriques de Gusmão era filho de Manuel Henriques
Pereira Brandão, segundo filho do casal José Henriques e Rosa Maria de São
José, portanto sobrinho do Padre Jacó.
Já familiares
de Domingos Henriques de Gusmão radicados em Caranaíba relatam que,
possivelmente, a devoção da família ao santo provém do fato de que enchentes eram
muito comuns por aquelas bandas na época e São João Nepomuceno é o santo da
Igreja Católica protetor contra as enchentes.
A partir daí o
povoado se esvaiu pelo morro tomado por majestosos casarões até que se
alcançasse a várzea, até então um verdadeiro brejo em muitos lugares.
Uma curiosidade
Conta-se também que por esse motivo
algumas ruas do centro principalmente a Rua Coronel José Dutra foi compactada
por diversas vezes e antes de serem colocados os paralelepípedos foi coberta
com grossas camadas de argila e pedra e depois compactada com rolo compressor
movido a vapor. Isto sob a supervisão de André Gotti na época Superintendente
de obras. (este fato recentemente pôde ser comprovado com a nova canalização
feita naquela rua e com a construção do novo calçadão)
Em carta
enviada ao Dr. José de Castro Azevedo o consagrado historiador Cônego Raimundo
Trindade afirma o seguinte sobre São João Nepomuceno em seu livro Instituições
de Igrejas no Bispado de Mariana pagina 290:
A data de 01 de abril de 1841 “deve ser
considerada a data de sua fundação: é a data de concessão de personalidade
jurídica de São João Nepomuceno”
Então o dia 16
de maio só tem sentido religioso, pois se trata do dia do onomástico São João
Nepomuceno ou o dia em que a Igreja Católica comemora o sacrifício daquele mártir.
(Dr. José Azevedo ).
Foi o jornal “O
Município” (jornal fundado por Dr.Carlos Ferreira Alves) que publicou um dos
mais antigos trabalhos históricos que se tem noticia sobre São João Nepomuceno,
trabalho esse de Ulisses C. Brandão, escrito em 14 de outubro de 1897 (segundo
relatos do Dr. José de Castro Azevedo em artigo publicado em Voz de São João).
Relata, ainda, o grande historiador magistrado e professor que foi a partir de
1910, que uma lenda sobre a fundação de São João Nepomuceno começou a ser propagada
e atribui tudo a imaginação fértil do consagrado e eminente juiz municipal
Azevedo Correa (Irmão do poeta Raimundo Corrêa).
A
lenda:
Quatro fazendeiros certa feita, sonhando
em fundar uma cidade, resolveram que cada um deles partisse de sua fazenda seguindo
todos numa mesma direção e onde se encontrassem levantariam uma capela e
fundariam uma cidade. E assim fizeram e o grande encontro ocorreu no dia 16 de
maio e como o dia 16 de maio é dia de São João Nepomuceno a ele consagraram a
capela que fizeram erigir. Daí surgiu à cidade de São João Nepomuceno como
queriam os fazendeiros.
É inegável o
desenvolvimento de São João em relação aos demais que se formavam a partir da
segunda década do século XIX, prova é que em 1º de abril de 1841 pela lei 202 foi criada a Vila de São João
Nepomuceno. Esta é a data que deve, portanto, ser tomada como data de
fundação do município.
Quanto à participação do Professor e Historiador
Cláudio Heleno Machado nos estudos que comprovam a data verdadeira, a mesma foi
crucial, pois foi a partir do momento em que li o histórico de São João
Nepomuceno oferecido pelos historiadores Cláudio Heleno Machado e Antonio
Henrique Duarte Lacerda, que é claro ao reafirmar que São João Nepomuceno foi
vitima de injunções políticas partidas das disputas de dois poderes da época,
ou seja, o liberal e o conservador na tentativa de imporem seus prestígios, é
que passamos a contar com o Professor Cláudio, na luta para que pudéssemos
contar novamente a história. E foi daí que nasceu também nossa amizade até que
pudéssemos juntos, eu, meu filho Thiago e Cláudio além de mais doze amigos a
levarmos em frente um antigo sonho, ou seja, a criação da ACADEMIA SÃOJOANENSE
DE LETRAS ARTES E CIÊNCIAS, o que ocorreu em 28 de outubro de 2011.
Bem, mas a propósito
de qualquer especulação em torno da questão de datas, não podemos omitir da
história os fatos e por isso reafirmamos que São João Nepomuceno possui 171 anos a serem contados a partir de 1º de abril de 1841. Data da criação do
Termo ou Município.
Quanto à data
de 30 de novembro de 1880 que se refere
à emancipação político-administrativa em forma definitiva o que levou-nos a
comemorar em 16 de maio de 1980 o centenário do Município, entendo que neste
aspecto São João possui 132 anos.
O dia 16 de
maio é data religiosa em que a Igreja Católica comemora o sacrifício do mártir
São João Nepomuceno, padroeiro do Município não havendo, portanto relação
alguma com a fundação do Município de mesmo nome dado em homenagem ao mártir.
Conclusão: São João Nepomuceno possui
mesmo 171 anos.
*JSJN: Em sua opinião a nova
data deveria ser proclamada como um novo feriado municipal?
JCHB:
Sinceramente
não penso assim. O feriado na minha opinião deve ser mantido no dia 16 de maio,
por uma questão de tradição de mais de um século. Gosto das tradições o que não
quer dizer que não podemos no dia 1º de abril estarmos promovendo qualquer
comemoração nesse sentido, para que a historia seja amplamente divulgada, sem que
nos envolvamos em outro feriado municipal. Segundo a citação de um grande “filosofo”
“Tudo em excesso é demais”.
JSJN: O que acha do
tratamento que tem sido dado ao acervo de documentos e objetos históricos que o
município possui. A população tem tido acesso a esse acervo? Esta ele sob a
guarda de pessoas qualificadas e em local adequado?
JCHB:
Bem,
sinceramente eu não vi ainda a forma que dispuseram nosso acervo histórico, e o
estado das peças expostas, apenas o vi do setor térreo do Centro Cultural, e me
pareceu embolado devido ao pequeno espaço, em que atualmente está disposto, sem
contar com os degraus lá existentes e, o declive do piso, que a meu ver
prejudica a visitação. Mas, nesse caso, o que importa mesmo é estar tudo bem
guardado e, espero que tenhamos mais do que depressa um local apropriado para
melhor dispô-lo.
Contudo, pareceu-me de longe que sofreu
aumento, e isso é importante para a cidade, e, nesse sentido, parece justificar
ainda mais a necessidade de um local mais apropriado.
Quanto a estar o mesmo sob a guarda de
pessoas qualificadas, eu não conheço a diretoria da Fundação Cultural, assim
como não conheço a diretoria do museu, nem mesmo quais são os membros do
Patrimônio Histórico e Cultural, apenas tenho conhecimento de quem é o
Superintendente da Fundação, mas creio que há necessidade urgente de elaborarmos
um projeto com orientação técnica de um museólogo.
Quanto ao que parece ser um
desinteresse, confesso ter sido mais uma decepção, pois logo após meu
afastamento da Fundação Cultural, ao final do ano de 2004, tomei o cuidado de
providenciar o registro de todo o patrimônio da Fundação Cultural, em um livro
de inventário, e quando vi, já ao inicio da nova administração, o brasão do
município, que retrata fidedignamente as cores do mesmo, em concordância com o
que prescreve a lei de criação do mesmo, em sala da recém criada Secretaria
Municipal de Ação Social, e quando no primeiro carnaval da atual administração,
recebi visita de uma pessoa em minha residência querendo saber sobre o
paradeiro de um microfone sem fio e, de três rádios comunicadores, preferi me
afastar de tudo, ignorando o acervo para que não pudesse ter mais decepções.
Quanto ao paradeiro das peças disse que não tinha nem idéia onde poderiam estar,
pois tinha apenas conhecimento, de que havia deixado tudo registrado em livro
próprio (livro de inventário), assinado e conferido por mim e, pelo secretario
de então, coincidentemente o professor Cláudio Heleno Machado, que tenho
certeza deixou tudo como estava.
Quanto ao acesso ao local do museu,
acho impróprio, como achava impróprio onde estávamos, mas era tudo o inicio. E
repito, já é tempo de olharmos mais para o setor cultural. Cada um fazendo a
sua parte, nós (o povo) certamente chegaremos lá.
*JSJN: Qual a sua opinião sobre a participação da
juventude nos movimentos culturais da nossa cidade? E pela história do
município, existe interesse por parte dos jovens?
JCHB:
Bem,
minha gente, quando fomos convidados a participar do governo de Célio Ferraz, ao
inicio do ano de 1989, só para exemplificar, entre bandas e cantores de São
João Nepomuceno apenas cinco participavam da exposição agropecuária. Quando em
2004 encerramos aquele ciclo administrativo, tivemos cerca de trinta e cinco
participações entre bandas e cantores. Não precisávamos dizer mais nada, pois
voltamos à estaca zero pela falta de incentivo e, são raros os músicos
são-joanenses, que tem oportunidade. Na verdade, o que vem de fora é o que
importa. É uma pena, que a retrogradação ainda permeie, mas infelizmente é um
processo que passa pelas mãos de todos nós, quando permitimos que o engodo tome
conta dos espaços, principalmente quando permitimos que a incompetência
domine-os.
O jovem não é alienado como dizem por
aí, basta um pequeno incentivo e lá está ele, pois não precisa de muito, só
precisa ser devidamente reconhecido. Assim também ocorreu com os grupos
teatrais, quantos são hoje além do Grupo Novos Horizontes, que permanece pela
perseverança e, por acreditar no que brilhantemente fazem?
Mesmo assim, o jovem talento
são-joanense, Sabones, a duras penas, e mesmo sem substancial incentivo, leva a
efeito um evento cultural como é o caso do Nepopó Festivão, um festival que a
cada ano cresce e divulga o nosso teatro, e oportuniza o surgimento de novos
artistas.
O diretor Ney Morais é um baluarte
intrépido do teatro são-joanense e tem encarado suas dificuldades, seus
espinhos e pedras.
Mas coitada de nossa cultura, está
pobre e mendiga migalhas, esta é a pura realidade.
Contudo ainda há tempo, alias há tempo
para tudo. O que me parece mais certo é que as ações determinadas estão para
chegar e, precisamos acreditar na experiência, porque é sempre benfazeja. Assim
é acreditar e esperar.
Disse
certa vez Tancredo Neves, quando lhe falaram que estava velho para governar
Minas e o Brasil: “Nero imperador
na Roma antiga, com apenas trinta anos pos fogo em Roma, mas Winston Churchill,
com mais de setenta anos salvou o mundo” Falava ele sobre a opressão, do
autoritarismo belicista, com todos os seus dogmas e preconceitos vividos em
tempos de guerra.
Quanto ao interesse do jovem pela história,
tenho certo que sim, pois em algumas experiências que tive, ao longo dos anos,
pude constatar que tudo lhes era e, é muito interessante, o jovem está ávido
para mais saber, porém entendo que é necessário que a história seja divulgada
por mais pessoas, pois foi assim que eu, como outros começamos, ouvindo a história
oral, e tenham a certeza de que tenho imenso prazer nesta atividade até hoje.
Os mais velhos ensinam aos mais novos, assim nada fica perdido.
E encerro
agradecido ao jornal SJN com uma citação de Winston Churchill: “Melhor
lutar por algo, do que viver para nada”