Por José Carlos Barroso
Contratado
que fui assumo como tribuno intransigente, mas sempre consciente, em defesa de
um cliente diferente. Assumo uma defesa, embasado, como preparado, não com uma
notória especialidade em nutrição, muito menos em biologia genética, mas
permitindo ao meu coração, a eloquência, sob alegação e tese clássica da
inimputabilidade do agente, posicionando-me pela exclusão da ilicitude.
Bem
prezado corpo de jurados, formado no seio de uma comunidade conscienciosa, que
sabe o que quer, e o que fala, vestida hoje de preto, não pela morte da vítima,
pois na verdade, foi ela sempre cruel por nunca ter guardado em seus ataques,
resquícios de crueldade, quando , por exemplo, matou a criança e o velho, o
pobre necessitado, pela desumana desnutrição, quando o homem desempregado
chorava pela míngua, quando já não se vendo com forças estendia ele as mãos num
sinal claro e evidente de pedido de socorro, mas que indiferente ela continuava
seu caminho, tomando um rumo precipitado, levando consigo toda a inocência.
Assumo
sim a defesa deste réu conhecido por “leite”,
mais popularmente, e intimamente chamado “leitinho
de soja” não só por estar convencido, mas pela certeza de sua inocência, já
que execrado, expurgaram-no, sentenciando-o muito antes mesmo deste tribunal,
observar detidamente os depoimentos daqueles que compõem o rol de testemunhas,
tanto da defesa, como da acusação, e terem sumariamente, a bel prazer e juízo o
liquidado no cadafalso das ilusões.
Assumo
da mesma forma esta tribuna, para acusar a vítima, numa atitude incomum, pois
passo a ser não só o defensor, mas o acusador, desclassificando o crime e,
deixando claro, me atendo aos autos, que houve sim a legítima defesa da honra,
já que foi a vítima, quem usou de meios cruéis, não o réu, que apenas impeliu
injusta agressão iminente, em defesa de outrem, tendo para tanto utilizado
moderadamente dos meios necessários, assim opto pelo indúbio pro réu. Insisto
na inconteste inocência do réu e clamo aos senhores do corpo de sentença pela
absolvição deste, que nesta história não passa de um infeliz, que apenas pecou
por ter executado um cruel assassinato, mas que na história da vida assume a
posição dos heróis e passa de forma merecida a deter o galardão e os louros,
pela justiça que fez.
Atentem
meus prezados para o que Jesus Cristo nos fala em Mt 10.42. E aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes
(pequeninos), na qualidade de discípulo, em verdade vos digo, de modo algum
perderá a sua recompensa.
Que
então libertem, libertem absolutamente de uma vez por todas, este inocente, o
nosso prezado amigo “LEITINHO DE SOJA”,
para que ele continue a matar essa imoral e brutal assassina conhecida por “FOME” que muito antes dos avanços da
medicina vem sendo clonada de forma indiscriminada, pela insensatez dos homens
e, que assim possa ele, assumir de vez o posto de PALADINO DA JUSTIÇA nesta terra que só a Deus pertence e, a
mais, ninguém.
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